7 de maio de 2013

Quem paga a conta é o segurado

Fonte: Estado de S. Paulo - Data: 06/05/2013

Aumento da inflação pode elevar o preço dos seguros, já que o rendimento das aplicações financeiras está cada vez mais apertado.

Aumento da inflação pode elevar o preço dos seguro
A presidente da República disse que não flerta com a inflação. De outro lado, o ministro da Fazenda não sabe o que fazer com ela e o Banco Central dá sinais de que pode elevar os juros num ritmo mais rápido do que vinha dizendo que faria. Tudo isso para dizer que a inflação está aí, num patamar bem menor do que já tivemos, mas bem mais alta do que esteve desde a estabilidade da moeda.
Inflação alta é ruim para todos. Mas é ainda pior para os mais pobres. Na medida em que quem ganha menos tem de pagar mais, de forma absoluta, a matemática fica ainda pior de forma relativa. R$ 10 o quilo do tomate é R$ 10 para o pobre e para o rico. O que muda é que, porcentualmente, R$ 10 é muito mais para quem ganha um salário mínimo do que para quem ganha 20 salários mínimos.
Como todo mundo já sabe que este ano a inflação se manterá acima da meta, é torcer para que em 2014 o governo tome as medidas necessárias para trazê-la para baixo, o que, desde já, gera sérias dúvidas, em função das eleições presidenciais.
Se toda a economia é afetada negativamente pela inflação, alguns setores sofrem mais do que os outros. É o caso do setor de seguros. Poucas atividades dependem tanto da estabilidade da moeda e da inflação baixa para crescer de forma consistente quanto ela.
Muita gente que atualmente ocupa cargos importantes na vida econômica nacional pode não se lembrar como era, mas até 1994 o Brasil não conseguia ter poupança. Por mais indexada que a economia estivesse, a inflação corria sempre na frente, destruindo o valor de compra da moeda. O ritmo de desvalorização atingiu tal velocidade que, após um determinado momento, as apólices de seguros não eram emitidas em moeda corrente, mas com um índice que era multiplicado pelo valor do dia, resultando no valor em moeda que deveria ser pago, tanto para efeito do prêmio do seguro, como para as indenizações.
Estamos longe disso e ninguém fala num cenário semelhante para a economia brasileira. O problema é que a inflação não deixa barato, é abrir um pouco a guarda e ela pega pesado. Que o diga a Argentina, onde os índices reais estão próximos dos 20% ao ano, por conta duma subidinha aqui e outra ali, todas toleradas em nome do antigo e bom populismo que se instalou no país.
O problema grave e que parece que o governo brasileiro não consegue entender é que a inflação não é a causa, mas o sintoma de desencontros profundos na base da economia nacional.
Por conta da inflação, atualmente poucas aplicações dão retorno positivo para o investidor. A regra vale para pessoas físicas e jurídicas e tem forte peso nas atividades que compõem o setor de seguros.
Especialmente nos seguros, planos de saúde privados e previdência privada aberta, o resultado da aplicação do faturamento no mercado financeiro costuma reduzir o preço final do produto.
O melhor exemplo é o seguro de veículos, que, diga-se de passagem, está com resultado médio medíocre. Em função da concorrência acirrada, da alta sinistralidade e da queda dos juros, várias seguradoras já estão amargando prejuízo na carteira.
Para chegar no preço do seguro, grosso modo, a seguradora soma os sinistros pagos, as despesas comerciais e administrativas, a carga tributária e o lucro esperado. O valor encontrado é o resultado puro do negócio e deve corresponder ao prêmio cobrado. Mas, como ela aplica o dinheiro dos prêmios recebidos, ela pode adicionar o seu resultado à conta e assim baratear o seguro.
Como nos seguros de veículos a concorrência é muito grande – o que reduz as margens, a sinistralidade está alta, a inflação está alta e os juros reais caíram, o resultado do negócio de várias seguradoras está negativo e isso pode ser visto nos balanços do ano passado e do primeiro trimestre de 2013. O duro é que quando essa soma de resultados negativos acontece, depois de um tempo, a única saída é aumentar os preços, ou seja, no final quem paga a conta é o segurado.

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