6 de maio de 2013

Como é a vida com Google Glass; confira teste feito pela Folha

Fonte: Folha de S.Paulo FERNANDA EZABELLA DE LOS ANGELES - Data: 06/05/2014 

"Uau!" É minha primeira reação quando a telinha do Google Glass acende em cima do meu olho direito e, surpresa, mostra as horas.

Já quando me olho no espelho, a impressão é: "Ai...". A novidade é futurística e tem incrível potencial, mas há um quê de cafonice em andar nas ruas com um trambolho na cara.

Google Glass

O aparelho é uma das tecnologias mais aguardadas dos últimos anos e deve chegar ao mercado em 2014. O preço salgado e o estilo inusitado colocam em dúvida o sucesso, sem contar as questões de privacidade.
Folha teve acesso a uma das 2.000 unidades da versão Explorer que a empresa começou a vender na última semana pelo equivalente a R$ 3.000. Só pôde comprar quem se registrou no Google I/O 2012, evento para desenvolvedores. Por enquanto, ainda está em fase de experimentação e com pouca conectividade on-line.
O Glass parece um par de óculos, mas sem as lentes e com um computador acoplado com câmera, microfone, tela e uma barra sensível ao toque que serve de navegador. O Google tem ensinado pessoalmente os novos compradores. Passei quase duas horas com dois funcionários entusiasmados que configuraram o aparelho e me ensinaram os primeiros passos.
Para ligá-lo, basta um gesto para trás com a cabeça ou um toque na barra. Na sequência, é só dizer o código mágico: "OK, Glass". E algumas opções surgem na tela: você gostaria de pesquisar algo no Google, tirar uma foto ou vídeo, fazer uma ligação? Tudo é ativado por voz ou com toques na barra. Há também um pequeno botão só para fotos e vídeos.
No começo, é tanta informação que o processo fica caótico. Cheguei a tirar fotos sem saber, a deletar outras por engano e mandar vídeos para pessoas aleatórias.
O Google domina o universo, pelo menos por enquanto. É preciso ter Gmail para a configuração, e amigos na rede social Google+ para compartilhar fotos ou vídeos. É preciso também um smartphone sempre à mão, conectado via Bluetooth, para receber e-mails marcados como importantes e ligações.
Para quem tem celular com sistema Android (do Google), dá para mandar mensagens em texto (ditando) e usar o aplicativo de navegação GPS com comando de voz, coisas que ainda não funcionam no iPhone, da Apple.
Circular pelas ruas com o Glass chama atenção. Quando faço um vídeo ou revejo fotos ou vídeos, a pessoa à minha frente vê que algo se passa na tela, sem saber o quê. Para Eric Schmidt, presidente-executivo do conselho da empresa, a sociedade terá que desenvolver uma nova etiqueta social para acomodar o Glass. "É óbvio que não é apropriado usá-lo em certas situações", diz.
Mark Hurst, da Creative Good, alerta para a quantidade dados privados aos quais o Google terá acesso. "A experiência de ser um cidadão, em público, vai mudar", diz.

Entre outros alertas, o manual informa que o Glass não deve ser usado por menores de 13 porque pode "prejudicar o desenvolvimento da visão". Ele é recomendado para esportes, mas não é à prova d'água (aguenta, porém, um pouco de suor).
A empresa diz que a bateria dura o dia todo, mas não com uso muito frequente.



CONCORRÊNCIA

Há um ano a Apple ganhou a patente de dispositivo semelhante ao Glass, mas até hoje nada foi confirmado.
Já o Baidu, maior site de buscas da China, diz que trabalha em um protótipo, mas sem previsão de lançamento.
A Microsoft, apesar dos rumores de um produto para 2014, nunca confirmou nada.
*
24H COM O GOOGLE GLASS
Fotos Fernanda Ezabella/Folhapress
9h
Não dá para usar meus óculos normaiscom o Glass. Coloco as lentes de contato. O aparelho foi configurado após duas horas no escritório do Google. Sozinha levaria um dia todo.
Fernanda Ezabella/Folhapress
10h
Meu marido se assusta com o brinquedo, faz piadas e pede para testá-lo. O Glass tem um "modo convidado", para que outros possam usar sem ver meus dados
11h
Recebo um alerta de notícia no Glass. É o aplicativo do jornal "New York Times" (único disponível fora os do Google e do Path, uma rede social familiar). Peço para o aparelho ler para mim. Funciona, ainda que numa voz truncada
12h
Na rua, as pessoas me olham com frequência. Me sinto esquisitona, meio alienígena. Caminhando, tiro foto e tropeço. Paro antes de atravessar a rua e fico olhando para o alto, na telinha, absorvida nas inúmeras opções. Mais gente parece me olhar
Fernanda Ezabella/Folhapress
13h
Vou caminhar no parque. Mesmo com sol forte, consigo ver a telinha. Coloco a lente escura do Glass, que veio junto com outra transparente sem grau. Fico bem mais discreta. Filmo todo mundo e ninguém parece perceber. Sinto falta de ouvir música: o aparelho ainda não se conecta com rádio
14h
Depois de um tempo, esqueço que estou usando o Glass. Uma amiga me liga e atendo sem precisar usar o celular, que está conectado com o Glass via Bluetooth. Recebo nele qualquer telefonema, mas só posso ligar para números cadastrados
Fernanda Ezabella/Folhapress
15h
Dirijo e faço um vídeo ao mesmo tempo. É tranquilo, mas não recomendo aos facilmente distraídos
16h
Tento fazer um hangout, uma videoconferência via Google+ (rede social do Google), mas não funciona. Tento três vezes, mas nada
17h
Muitos vídeos e fotos aleatórias depois, a bateria morre. Volto para casa e coloco-o para recarregar
Fernanda Ezabella/Folhapress
19h
Vou treinar roller derby, um esporte de contato sobre patins. O aparelho sobrevive bem e faz ótimas imagens em ação
Fernanda Ezabella/Folhapress
21h
No jantar, um garçom me pergunta o que estou usando. Tiro uma foto do meu sanduíche e mando para uma amiga. Mexendo nas fotos, mando duas sem querer para outro amigo. É bem sensível. E só dá para compartilhar com pessoas que estão no Google+
22h
Estou com a maior dor de cabeça, talvez por causa dos óculos, talvez por causa das lentes de contato. É hora de desligar a mente.

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